sexta-feira, 30 de abril de 2021

Trypanosoma cruzi

 Epimastigota de Trypanosoma cruzi

Protozoário flagelado agente da Doença de Chagas, também conhecida como Tripanossomíase americana. Milhões de pessoas estão infectadas em toda a América Latina, sendo que grande parte dos casos está localizada no Brasil, principalmente nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. É uma doença de evolução crônica, debilitante, que determina no homem quadros clínicos com características e consequências muito variadas. Ela está intimamente relacionada às más condições das moradias, pois essas favorecem a nidificação dos hemípteros triatomíneos, conhecidos vulgarmente como “barbeiros”.

Biologia do parasito
O homem se infecta durante a hematófaga, quando o barbeiro elimina os tripomastigotas metacíclicos em suas fezes. Essas são as formas infectantes e podem penetrar pelas mucosas, quando o homem leva as mãos contaminadas aos olhos ou nariz, e por soluções de continuidade, como as provocadas pelo ato de coçar ou pelo orifício da picada do barbeiro. Logo após a penetração, o tripomastigota metacíclico invade células do sistema fagocítico mononuclear (célula alvo) e perde o flagelo, passando a se chamar amastigota. Nesse estágio os amastigotas multiplicam-se por divisão binária em ciclos de aproximadamente doze (12) horas, até que a célula infectada fique repleta de amastigotas. Nesse momento as amastigotas se transformam novamente em tripomastigotas. Quando a célula alvo rompe libera os tripomastigotas, que se deslocam apara infectar uma nova célula alvo, se disseminando para o restante do organismo através da circulação sangüínea e linfática. Os principais órgãos atingidos são o coração, tubo digestivo e plexos nervosos.
Quando se alimentam do sangue de pessoas ou animais infectados, os triatomíneos podem ingerir os tripomastigotas. Os tripomastigotas são convertidos em epimastigotas no tubo digestivo do triatomíneo. Os epimastigotas se reproduzem por divisão binária e, quando chegam à porção terminal do intestino (reto) do triatomíneo, voltam à forma tripomastigota. Esses tripomastigotas, altamente móveis e infectantes, são as formas metacíclicas eliminadas nas fezes do vetor. As principais formas do Trypanosoma cruzi são:

Amastigota – fase intracelular, sem organelas de locomoção, com pouco citoplasma e núcleo grande. O cinetoplasto fica ao lado do núcleo e é um pouco menor que ele. Está presente na fase crônica da doença.

Epimastigota – é a forma encontrada no tubo digestivo do vetor, não é infectante para os vertebrados. Tem forma fusiforme e apresenta o cinetoplasto junto ao núcleo. Possui flagelo e membrana ondulante.

Tripomastigota – fase extracelular, que circula no sangue. Apresenta flagelo e membrana ondulante em toda a extensão lateral do parasito. O cinetoplasto se localiza na extremidade posterior do parasito. Esse estágio evolutivo está presente na fase aguda da doença, constituindo a forma infectante para os vertebrados.

Patogenia e prevenção

O período de incubação da parasitíase varia de uma a três semanas, sendo que a doença de Chagas se caracteriza por apresentar duas fases: aguda e crônica. À medida que o ciclo de invasão e ruptura se repete, o histiotropismo se desloca do sistema fagocítico mononuclear para células musculares lisas e cardíacas e para o sistema nervoso. Essa fase de intensa multiplicação e invasão de células caracteriza a fase aguda da Doença de Chagas. No sítio de infecção há intensa reação inflamatória antes de uma disseminação do protozoário. Esta área de inflamação aguda local pode produzir uma reação intensa denominada Chagoma. A partir daí, a disseminação vai produzindo áreas de inflamação multifocal em diversos órgãos, com predomínio da infecção no coração e sistema nervoso, seguido da miosite focal e comprometimento dos plexos nervosos intestinais, nos casos mais graves.

Ao mesmo tempo em que a infecção abrange mais tecidos e a parasitemia aumenta, a resposta imune começa a ser montada com a produção de anticorpos e intensa reatividade celular no sito inicial de inoculação. Caso essa resposta se torne mais intensa o número de parasitos circulantes cai progressivamente até que sejam completamente eliminados da circulação, caracterizando o fim da fase aguda da doença.

Com o fim da fase aguda, os protozoários que não foram eliminados pela resposta humoral, podem ainda permanecer viáveis no interior das células infectadas. A partir daí está caracterizada a fase crônica da Doença de Chagas, que pode evoluir para as manifestações características da Doença de Chagas (forma sintomática), tornar-se oligossintomática ou não revelar manifestações evidentes da doença, a não ser a reação sorológica, caracterizando os casos indeterminados, que são os mais frequentes. Nas formas sintomáticas mais graves ocorrem as dilatações cavitárias: a cardiopatia chagásica crônica, o megaesôfago e o megacólon. O uso de medicações específicas contra as agudizações, mas ainda não está comprovada a cura medicamentosa da Doença de Chagas.

O diagnóstico da doença é feito pela visualização do protozoário, sorologia, cultura e, em certas circunstâncias, por PCR. Também pode ser feito a partir de biópsias de linfonodos, quando houver poliadenite, durante a fase aguda da doença. Os métodos de imunodiagnósticos, especialmente aimunofluorescência, ELISA e hemaglutinação, são utilizados na fase crônica.

A melhoria das condições de moradia, o controle do vetor e de reservatórios (gambás e morcegos) e a fiscalização dos bancos de sangue e campanhas contra a drogadição são medidas que devem ser tomadas a fim de prevenir a doença de Chagas.


Candido. V. S, Biólogo - formado pela Universidade Vale do Acaraú- UVA, pós-graduado em Bioquímica e Biologia Celular e Molecular com ênfase em saúde.  Acadêmico de Farmácia.


quarta-feira, 28 de abril de 2021

CÉLULA, ESQUEMA GERAL.

 DEFINIÇÃO

A célula é a menor unidade capaz de manifestar as propriedades dos vivos elas sintetizam quase à totalidade de seus constituintes, utilizando elementos do meio extracelular, crescem e se multiplicam limitadas por uma membrana plasmática que guardam suas organelas. O termo célula engloba tanto as células procariotos como as células eucariotas.

A célula procariota ou procariontes como queira chamá-las, não possuem e jamais possuiu núcleo, uma das suas características e número reduzido de cromossomos, formado também por DNA seu material genético e não possuindo envoltório ou envelope que o separa do citoplasma.

A célula eucariota contém um núcleo, um organóide limitado por um, envolvendo, controlando e protegendo o material genético DNA (ácido desoxirribonucléico).

Um exemplo são os protozoários, formados por uma única célula eucariota, livre sendo capazes de se mover, os metozoarios são seres pluricelulares constituídos por verias células eucariotas agrupadas em tecido, epiteliais, musculares, conjuntivo, de sustentação cartilaginosa, óssea e nervosa. A exceção das hemácias e das células nervosas a célula realiza um ciclo ou alterna duas grandes fase, a fase de atividade funcional ou interfase e a fase de multiplicação ou mitose.

A célula eucariota e suas organelas

Nas células eucariotas, o DNA está separado do citoplasma por um envelope, que delimita o núcleo, além do núcleo, muitas organelas possuem características e específicas: Retículo Endoplasmático, Aparelho de Golgi, Mitocôndrias, Cloroplastos (vegetais e amiloplastos.  os amiloplastos são organelas não-pigmentadas especializadas em sintetizar e estocar grânulos de amido, formados através da polimerização da molécula da glicose  Eles são encontrados em células vegetais  de algumas plantas, especialmente tubérculos e bulbos, como por exemplo na batata.), Endossamos, Lisossomos, Peroxissimos, Citoesqueleto e o centro célula.

A membrana plasmática

A membrana plasmática é uma estrutura organizada e complexa que separa o meio intracelular do meio extracelular. A membrana plasmática tem uma espessura média aproximadamente de 8,5nm. Ela limita o protoplasma que agrupa o núcleo e o citoplasma. Ela é constituída por uma dupla camada lipídica recoberta pelo glicocalice.

O papel da membrana plasmática é manter a integridade da célula, para obter esse resultado, ela possua múltiplas funções. A face externa da membrana plasmática tem interação com o meio exterior onde a composição e as propriedades podem variar consideravelmente, por outro lado, a face interna tem relação constante com o meio intracelular. Essa assimetria se traduz na existência de um revestimento glicosilado (o glicocalice), sobre a fase externa, e também por uma distribuição diferente dos lipídios na dupla camada.

A membrana plasmática permite ou impede a entrada de moléculas no citoplasma. Ela possui as moléculas necessárias, um dos mecanismos e à endocitose, ela participa do reconhecimento das moléculas que circulam no meio extracelular, restos celulares ou de outras células que se comuniquem entre si, graças aos receptores da membrana que se ligam especificamente aos sinais moleculares, e os ligantes, elaborados e liberados por outras células.


Bibliografia

MAILLET, Marc. Biologia celular. 8° edição ed. Santos livraria editora (2003).

CANDIDO. V. S, Biólogo, formado pela Universidade Vale Do Acaraú - UVA – CE, Acadêmico de Farmácia. Pós-Graduado em Bioquímica e Biologia Molécula pela Universidade Vale Do Acaraú–UVA –CE. 


segunda-feira, 26 de abril de 2021

Evolução da célula

Todos os seres vivos são constituídos por células - compartimentos envolvidos por membrana, preenchidos com uma solução aquosa concentrada de substâncias químicas, denominada de citosol. A célula possui uma extraordinária capacidade de criar cópias de si mesma pelo crescimento e posterior divisão. E dependendo do número de células constituintes em um organismo, eles podem ser classificados como; organismos unicelulares (bactérias e protozoários) ou pluricelulares (vermes e mamíferos).
É de acordo com suas características, as células são classificadas em eucariotas ou procariotas. Um dos fatores para essas classificações e o fato de células eucariotas possuírem núcleo definido por membrana, enquanto que as células procariotas não possuem núcleo definido por membrana, portanto o seu material genético fica disperso no citosol.

As primeiras células vivas provavelmente surgiram na terra por volta de 3,5 bilhões de anos por reações espontâneas entre moléculas que estavam longe do equilíbrio químico. Acredita-se que as células derivaram de células primitivas, denominado coacervado, que posteriormente deu origem às células.

A célula

Nem todas as células contêm as mesmas organelas em iguais proporções. Uma bactéria, por exemplo, não possui organelas e nem mesmo um núcleo organizado. Cada célula possui um destino específico de acordo com os genes que irá expressar. Num organismo multicelular, cada célula embrionária dará origem a uma célula específica. Este processo denomina-se diferenciação celular. Este processo é o responsável por uma célula embrionária dar origem a um neurônio ou a um hepatócito, por exemplo.

A ausência ou presença de núcleo é usada como base para a mais simples e fundamental das classificações dos seres vivos. Aquelas células que possuem núcleo são denominadas eucariotos (do grego eu=verdadeiro, karion=núcleo, âmago) e aquelas que não possuem núcleo são denominadas de procariotos (do grego pro=anterior).

A maioria do procarioto vive como organismos unicelulares, apesar de algumas espécies se agruparem em cachos, cadeias ou outras formas de organização estrutural multicelular.
Muitos organismos unicelulares são também eucariotos; portanto o fato de um organismo ser procarioto não quer dizer que este seja necessariamente unicelular, ou seja, uma característica não tem relação com outra. Possessão de núcleo significa possuir também uma variedade de outras organelas e, doravante, serão vistas as principais organelas encontradas em células eucarióticas.

O núcleo

O núcleo é normalmente a organela mais proeminente da célula eucariótica. Está incluso em duas membranas concêntricas que formam o envelope nuclear e contêm moléculas de DNA- polímeros extremamente longos que codificam a especialização genética do organismo.
O núcleo é uma organela bem evidente na célula e é facilmente observado, mesmo em microscopia óptica.

As mitocôndrias

As mitocôndrias estão presentes, basicamente, em todas as células eucariotas. Possui seu próprio DNA e se reproduz por divisão simples em duas de modo independente do DNA nuclear.
As mitocôndrias derivam a energia da oxidação de moléculas presentes nos alimentos como os açúcares, para produzir o combustível químico básico dos seres vivos: o ATP (adenosina trifosfato),uma molécula responsável pelo fornecimento de energia aos processos celulares. Como a mitocôndria consome oxigênio e libera dióxido de carbono durante sua atividade, o processo por inteiro é denominado respiração celular devido à sua similaridade com a respiração.

O cloroplasto

Encontrados apenas em células de plantas e algas, mas não em animais ou fungos, os cloroplastos são grandes organelas verdes responsáveis pelo processo denominado fotossíntese, pelo qual a energia solar é transformada em energia química. A coloração verde é devido à presença do pigmento clorofila.

As membranas internas criam compartimentos intracelulares com diferentes funções

Núcleos, mitocôndrias e cloroplastos não são as únicas organelas delimitadas por membranas no interior da célula eucariótica. O citoplasma contém também uma profusão de outras organelas, a maioria delas delimitada por apenas uma membrana e que realiza distintas funções. A maioria delas está envolvida com a necessidade celular de importar material bruto e exportar substâncias manufaturadas é resíduo. Algumas destas organelas são enormes em células especializadas, como aquelas que secretam proteínas; outras são numerosas em células especializadas na digestão de corpos estranhos e assim por diante.As principais organelas desta categoria são: Retículo Endoplasmático (Granular e Liso), Complexo ou Aparelho de Golgi, Lisossomos, Peroxissomos, entre outros.

Citosol

O citosol é um gel aquoso concentrado formado por moléculas grandes e pequenas.

Citoplasma

Denominamos citoplasma de uma célula como a porção interna envolvida pela membrana plasmática consistindo de organelas e do gel aquoso circundante. Já citosol corresponde unicamente ao gel aquoso concentrado e é formado por moléculas grandes e pequenas de diversas naturezas. Na maioria das células eucarióticas, citosol é de longe o maior compartimento, e na bactéria ele é o único compartimento intracelular. Ele contém uma gama de grandes e pequenas moléculas tão comprimidas que se comporta mais como um gel aquoso do que como um líquido em solução.

O citoesqueleto

O citoesqueleto é uma das principais estruturas da célula. O citoesqueleto só está presente nas células eucariotas. Nestas células, ele é o responsável pela variedade de formas e da execução de movimentos coordenados e direcionados. O citoesqueleto, também, permite o tráfego intracelular de organelas, vesículas e fatores. Contrariamente ao esqueleto ósseo dos vertebrados, o citoesqueleto é uma estrutura altamente dinâmica que se reorganiza continuamente sempre que a célula altera a sua forma, se divide ou responde ao ambiente. O citoesqueleto está envolvido em inúmeras funções celulares, tais como: contração muscular, transporte intracelular de vesículas, fatores e organelas, e segregação dos cromossomos nos eventos de mitose. Inúmeras doenças implicam em alterações do citoesqueleto, entre elas temos a Síndrome de Duchenne e o câncer na sua fase metastática. Há três filamentos principais compondo o citoesqueleto: os filamentos intermediários, os filamentos de actina e os microtúbulos. (Esses dois componentes iremos estudar separadamente em bioquímica). 

As células variam enormemente em aparência e função

Células variam tanto na forma quanto na função. Normalmente a morfologia celular está diretamente relacionada com a função que desempenha. Por exemplo, uma célula nervosa típica do cérebro é enormemente estendida: ela envia para o exterior seus sinais elétricos por meio de uma protrusão que é 10.000 vezes mais longa do que espessa, dividindo em centenas de ramos nos seu extremo. Outro exemplo é do paramécio, que tem a forma de um submarino e é coberto por dezenas de milhares de cílios-extensões semelhantes à pêlos cuja pulsação impulsiona a célula para frente num movimento de rotação, à medida que se desloca. As células também são extremamente diversas nas suas necessidades químicas e atividades. Algumas requerem oxigênio para viver, enquanto que para outras oxigênio é um veneno mortal.

Todas as células vivas possuem uma química básica semelhante

As células podem diferenciar tanto no que se refere à sua morfologia, quanto à função que desempenha. No entanto, os processos moleculares que acontecem numa célula são basicamente os mesmos para todos os tipos celulares. Por exemplo, a replicação de DNA numa bactéria ocorre de forma similar à replicação de DNA de uma célula de mamífero. Este aspécto possibilitou o avanço científico mundial porque a maioria dos modelos experimentais é constituída por seres mais primitivos que o ser humano: C. elegans (nematóideo), Drosófilamelanogaster (inseto), S. cereviseae (levedura) e os mecanismos moleculares que ocorrem nesses seres pode ser comparado analogamente aos processos que ocorrem numa célula humana, com a vantagem de serem mais fáceis de serem estudados do que células humanas.

A evolução celular

Evolução, ao contrário do que a maioria das pessoas aprendem, é um processo que implica apenas num evento de mudança. Aprendemos erroneamente a associar a palavra evolução com mudança no sentido de melhoramento. Evolução é sinônimo de mudança, independente de essas mudanças resultarem em uma coisa boa ou em uma coisa ruim. Um espécime pode evoluir através de uma mutação ou ser extinto devido a essas mudanças, simultaneamente que um espécime pode evoluir adquirindo uma mutação que lhe confira um melhor aproveitamento do seu meio externo, diferenciando-o de seus ancestrais e deste modo, originando uma espécie nova e sendo selecionado pelo meio ambiente de modo mais favorável que sua espécie ancestral. Vamos definir aqui também outro erro bastante comum em evolução: quando vamos nos referir a uma espécie aparentemente mais simples, por exemplo, uma bactéria, nós dizemos que este ser é um ser mais plesiomórfico (é não primitivo); e para um ser mais diferenciado, como a espécie humana, como um ser mais apomórfico (é não mais evoluído). Afinal, não existe ser mais ou menos evoluído que outro o que existe e seres melhores adaptados no meio que vivem.

Todas as células atuais aparentemente evoluíram do mesmo ancestral.

Uma célula se reproduz pela duplicação do seu DNA, em seguida dividindo-se em duas e passando uma cópia das instruções genéticas codificadas no DNA para cada uma das células-filhas. Esta é a razão dos filhos nem sempre se parecerem exatamente com os pais. Mutações, isto é alterações no DNA, poderão resultar em um descendente que mudou para pior, no sentido de que é menos capaz de sobreviver e se reproduzir; para melhor no que estará mais bem capacitado para sobreviver e se reproduzir ou o meio-termo (neutro), sendo diferente, mas igualmente viável. A luta pela sobrevivência elimina o primeiro, favorece o segundo e tolera o terceiro. Qualquer descendente que sobreviva à próxima geração herdará as instruções alteradas. Em adição, as cartas genéticas poderão ser embaralhadas e distribuídas na reprodução sexual, em que duas células da mesma espécie se fusionam, embaralharam o seu DNA e permitem que as instruções genéticas sejam compartilhadas em uma nova combinação na próxima geração.

Tais princípios simples de alteração e seleção que se aplicam repetidamente sobre milhões de gerações celulares são a base da evolução, processo pelo qual os seres vivos foram gradualmente sendo modificados e adaptados ao seu meio ambiente de formas cada vez mais sofisticadas. A evolução oferece uma surpreendente, porém instigante, explicação do por que das células atuais serem tão similares em seus fundamentos: todas herdaram suas instruções genéticas do mesmo ancestral comum. Estima-se que tal célula ancestral existiu entre 2.5 e 3.8 bilhões de anos atrás e é de se supor que contivesse um protótipo da maquinaria vital existente na Terra hoje. Pelas mutações, seus descendentes foram gradualmente divergindo e preenchendo todos os nichos terrestres com formas de vida, explorando o potencial de tal maquinaria numa variedade imensurável de caminhos.

As bactérias são as células menores e mais simples

Entre as células atuais, as bactérias possuem as estruturas mais simples e se constituem em formas de vida que se desenvolvem com o mínimo essencial.



Quanto à sua morfologia, elas podem ser de três tipos principais

a) Esféricas (streptococcus), 

b) Em forma de bastonetes (salmonela) 

c) Espirais (treponema)

As bactérias, semelhantemente às células vegetais, possui uma parede celular rígida, que confere proteção mecânica e permite que esta célula se transforme em esporos, quando as condições ambientais não são favoráveis (situações de stress: falta de água, frio, falta de nutrientes, etc). Em forma e estrutura, as bactérias parecem simples e limitadas, porém em termos químicos elas são os seres mais diversos e inventivos que existem na natureza. Elas são encontradas de modo cosmopolita, ou seja, em todos os habitats terrestres. As últimas pesquisas revelaram que existem bactérias vivendo literalmente nas nuvens, ou seja, através de coletas de gotículas que constituíam nuvens, biólogos encontraram diversos tipos de bactérias. Existem também bactérias que vivem em ambientes aparentemente inóspitos, como na boca de vulcões, em temperaturas que ultrapassam 100 °C.

O mistério do surgimento da mitocôndria

A mitocôndria é uma organela de importância fundamental para a Evolução. Existem várias teorias a respeito do surgimento desta organela e a teoria atual mais aceita é de que o mitocôndrio teria sido um tipo célula semelhante a uma bactéria que invadiu uma célula ancestral e acabou se estabelecendo neste outro organismo, fazendo parte dessa célula. A maior evidência para tal fato seria a de que a mitocôndria possui o seu próprio material genético responsável pela multiplicação das mitocôndrias. A divisão de mitocôndrios ocorre de forma independe do núcleo. No entanto, as proteínas constituintes de um mitocôndrio não provêm exclusivamente do DNA mitocondrial. O núcleo da célula é responsável pela expressão de algumas proteínas mitocondriais.  

Bom! Essa parte da historia merece uma publicação exclusiva.  

As mitocôndrias! Em Breve.

Espero ter ajudado!

Bons estudos! 


Bibliografia

BITAR, Omar Yazbek. Meio Ambiente & Geologia. São Paulo, Editora SENAC São Paulo, 2004.


LEINZ, Viktor; AMARAL, Sergio Estanislau do. Geologia Geral. 14ª ed. São Paulo, Nacional, 2003.


POPP, José Henrique. Geologia Geral. 5ª ed. Rio de Janeiro, LTC, 2004.


SUGUIO, Kenitiro; SUZUKI, Uko. Evolução Geológica da Terra e a Fragilidade da
Vida. São Paulo, Edgard Blucher, 2003.


SBPC. Ciência Hoje na Escola, V.10 - Geologia. São Paulo, Global SBPC, 2001.


DE ROBERTIS, Eduardo M. F.; HIB, José. Bases da Biologia Celular e Molecular Rio de Janeiro Guanabara Koogan, 2001.


KIERSZENBAUM, Abraham L. Histologia e Biologia Celular: Uma introdução à Patlogia. São Paulo, Elsevier, 2004.


CANDIDO. V. S, Biólogo, formado pela Universidade Vale Do Acaraú - UVA – CE, Acadêmico de Farmácia. Pós-Graduado em Bioquímica e Biologia Molécula pela Universidade Vale Do Acaraú–UVA –CE. 

quinta-feira, 22 de abril de 2021

HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana)

HISTORICO DA DOENÇA 

Uma série de estudos que antecederam o surgimento da AIDS foi importante para que se tenhas chegado à descoberta do HIV e do seu ciclo de vida. Na década de 70 foi descoberta uma enzima que, por apresentar função diferente da esperada, parecia ser um artefato produzido pelas condições experimentais. O dogma da genética, até então aceito, era que a partir de uma fita de DNA ocorre atranscrição do RNA mensageiro, cuja informação e traduzida em aminoácidos, que compõem uma proteína. No entanto, a enzima descoberta fazia uma transcrição ao contrário, ou seja, a partir do RNA é feita uma cópia do DNA; por isso essa enzima foi denominada TRANSCRIPTASE REVERSA (TR).

No início da década de 80, o pesquisador ROBERT GALLO, trabalhando com células leucêmicas e de linfoma, descobriu que estas apresentavam atividades similares á transcriptase reversa, o que foi associado á presença de vírus do tipo RNA denominado de RETROVÍROS (vírus que apresentam transcriotase reversa - família Retroviridae). Esse vírus, por infectarem linfócitos T, foram denominados HTLV-I E HTLV-II (do inglês, human T-lymphotropic virus) e identificados como similares a outros do gênero dos Lentivírus que têm como característica provocar infecções de evolução lenta e atingir o sistema nervoso central. Em 1981, o Control disease cetre (CDC) em Atlanta, Estados Unidos, identificou alguns pacientes com característica de imunossupressão, apresentando infecções oportunísticas (infecção que ocorre apenas em indivíduos imunossuprimidos por drogas citotóxicas ou tumores) e um tipo de tumor raro (sarcoma de Kaposi). Por volta de 1983-84, ROBERT GALLO recebeu do pesquisador Francês LUC MONTAIGNER, amostras celulares, de linfonodos de pacientes com lifonfoanopatia generalizada com características similares aquelas acometida, os pacientes identificados em 1980.

O grupo Francês denominou o vírus de LAV (do ing. Lymphodenopathy virus) e o grupo americano o chamou de HTLV-3; depois de algum tempo o vírus passou a se chamar HIV (do ing. humam immunodeficiency virus). Já foram identificados dois tipos de HIV: HIV-1 mais comum na Europa e EUA e mais agressivo e HIV-2 que e mais comum na África e na Ásia, os vírus tipo 1 que apresentam cerca de 40% de homologia e o HIV-2 e mais parecido com SIV (do ing. Simiam immunodeficiency virus).O SIV infecta os macacos verdes da Áfricas mais, não apresenta os sintomas típicos da AIDS, mas, quando são inoculados em macacos da America apresenta uma síndrome semelhante da AIDS , os resultados surem que os macacos verdes da África estão em contato com a SIV ha mais tempo assim desenvolveu um mecanismo de defesa que propiciam a sobrevivência do hospedeiro e do parasita. Na época em que foram identificados os primeiros casos, observou-se que havia modificações na proporção entre linfócitos TCD4+/CD8+, uma pessoa normal apresenta o dobro de linfócitos T, auxiliar em relação aos T citotóxicos (LTH/LTC=2/1), após a infecção primária com padrões diferentes de acordo com o paciente começa a ocorre a invasão da proporção LTH/ITC chegando 1/2 no caso dos pacientes com HIV aqueles que desenvolvem a imunodeficiência. O estudo destas alterações de linfócitos T, levou a descoberta do ciclo de vida do vírus.

CICLO DE VIDA DO HIV

INTERAÇÃO ENTRE CELULA E O HIV

Quando os HIV'S penetram pela mucosa, são endocitados por células dedríticas ou macrófogos é correados para a região para cortical do linfonodo drenante, onde estão presentes os linfócitos T, como ocorre durante uma resposta imune normal.
 
A entrada do vírus nas células ocorre por uma via dependente de CD4, que apresenta uma pequena quantidade por meio de lectinas tipos C, essas lactinas não são receptores do HIV porque, não causam infecções produtivas e permitem que os vírus se mantenham infecciosos por longos períodos de tempo nessas células. Quando as células dendríticas migram para os linfonodos interagem com lifocitos T, transmitindo os vírus (que denominamos de sinapse virológica. As mutações que ocorrem nos vírus, durante a infecção, podem também mudar o seu tropismo: no início da infecção, os HIV's entram preferencialmente nos macrófagos (M-TRÓPICOS) pelo CCR5 e, mais tarde nos linfócitos T (T-trópicos pelo CXCR4. Há evidencias experimentais de que as receptoras CCR5, além de ser expresso em macrófagos e em células dendríticas imaturas, TH1, sugerindo que certas linhagens do HIV podem entrar de maneira seletiva nestas células.


AIDS

Vários mecanismos desencadeados pela a infecção crônica pelo HIV levam à redução, de outros microrganismos e de tumores. Nos estágios iniciais da infecção, o processo degenerativo é observado apenas nos folículos linfóides isolados. Quando a doença progride para estágios intermediários o tecido linfóide é progressivamente substituído por tecido fibrótico. Nos últimos estágios, arquitetura dos linfonodos é totalmente alterada; os componentes linfóides apresentam-se amplamente reduzido, como extensa fibrose e infiltração adiposa. Esses fatores levam ao decréscimo da eliminação viral e ao aumento de células infectadas nos folículos linfóides. A destruição progressiva dos linfócitos TCD4+, importante na ativação de macrófagos, células NK, linfócitos B e linfócitos T citotóxicos, reduzem a cal cidade dessas células na resposta a outras infecções e tumores, além do HIV. Com a redução gradativa dos linfócitos T auxiliares, o paciente torna-se suscetível a infecções oportunistas causa por bactérias, fungos, protozoários e ao surgimento de diverso tipo de tumores.

HIV ou AIDS?

Qual é a diferença?

HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o vírus causador da AIDS, que ataca células específicas do sistema imunológico (os linfócitos T-CD4+), responsáveis por defender o organismo contra doenças. Ao contrário de outros vírus, como o da gripe, o corpo humano não consegue se livrar do HIV. Ter HIV não significa que a pessoa desenvolverá AIDS; porém, uma vez infectada, a pessoa viverá com o HIV durante toda sua vida. Não existe vacina ou cura para infecção pelo HIV, mas há tratamento.

AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é a doença causada pelo HIV, que ataca células específicas do sistema imunológico, responsáveis por defender o organismo de doenças. Em um estágio avançado da infecção pelo HIV, a pessoa pode apresentar diversos sinais e sintomas, além de infecções oportunistas (pneumonias atípicas, infecções fúngicas e parasitárias) e alguns tipos de câncer. Sem o tratamento antirretroviral, o HIV usa essas células do sistema imunológico para replicar outros vírus e as destroem, tornando o organismo incapaz de lutar contra outras infecções e doenças.

TRATAMENTO

Várias terapias têm sido testadas no tratamento da infecção pelo HIV. Essas terapias interferem na ação da transcriptase reversa ou bloqueiam o processamento de proteínas precursora do “vírion” que são inibidores de protease. Um dos maiores benefícios é o controle da replicação viral, o que reduz o número de vírus mutantes e, como consequência, retarda a progressão da AIDS, reduz o risco de toxicidade à droga é, possivelmente, a transmissão do vírus. Por outro lado, pode ocorre resistência às drogas. Com aumento rápido do número de vírus mutantes, limitando o uso desses agentes virais em situações futuras.

Estima-se que mais de 15.000 pessoas sejam infectadas por dia em todo o mundo, 38 milhões estão atualmente infectadas, 1,7 milhões morrem a cada ano. A esmagadora maioria dos casos ocorre, na África onde a principal forma de transmissão é o sexo heterossexual, e o caso das prostitutas. As regiões em risco com alto crescimento de novas infecções são a o leste da Europa, a Índia e o Sudeste Asiático. No Brasil vivem mais que 650 000 (320 000 – 1 100 000) pessoas de idade entre 15 e 49 anos com o HIV (estimativa da Organização Mundial da Saúde, UNAIDS).

A taxa de infecção de consumidores de heroína gira em torno de 80% em muitas cidades européias e americanas.

Apesar da letalidade, a estimativa de vida dos portadores de HIV aumentou significativamente em relação ao inicio da pandemia. Isso se deve aos avanços tecnológicos e novos medicamentos, estudos relacionados ao vírus.




BIBLIOGRAFIA


BALESTIERI, Filomena M. Perrella (ed.Manole Ltda Barueri-SP. imunologia 2006, (pág. 631, 636, 642 e 648.);

DUKE,R.C.;Ojcius, D.M. e YOUNG, J.T.E (scientific american. pág. 48-55,1996.)MC, Michael, A>J e Phillips, R.E (Ann.Rev.Immunol,15, Pág. 271-96,1997.);

ROITT, I. Brostof, J e MALE, D. ("Imnodeficências Secundárias"). S.Paulo, Monole. cap.20 Pág. 313-22,2003;

PIGUET, V. e SATTENTAU, Q. " Dangerous Liaisons Atthe Virological Synapse". Jclin. Invest.114:605-10, 2004. http://pt.wikipedia.org/wiki/Aids.



sexta-feira, 16 de abril de 2021

Células-Tronco

O desenvolvimento de técnicas de transplante de órgãos sólidos e de medula óssea foi um dos mais fascinantes avanços da medicina no século XX. A virada do século XXI testemunha um desdobramento também fascinante e promissor desta modalidade terapêutica: o uso de células-tronco para regenerar tecidos lesados outrora considerados irreparáveis. Resultados encorajadores de inúmeros estudos com animais de experimentação impulsionaram grupos de diversos centros no mundo a iniciar estudos clínicos com transplante de células-tronco em várias doenças, particularmente as doenças cardiovasculares e neurológicas. Embora ainda estejamos algo distante de entender o mecanismo preciso pelo qual as células-tronco regeneram órgãos lesados, os estudos publicados até o presente momento, incluindo vários estudos envolvendo seres humanos, sugerem haver um benefício real com esta terapia. O presente artigo pretende abordar os aspectos relevantes da terapia celular em doenças cardiovasculares, incluindo conceitos básicos sobre células-tronco, e os principais estudos de animais de experimentação e clínicos publicados até o presente.

Palavras-chave: Células-tronco; terapia celular; doenças cardiovasculares.

Introdução

A segunda metade do século XX foi marcada por fantásticos progressos na área médica, particularmente com relação a novos métodos diagnósticos e novas modalidades terapêuticas. Dentre os inúmeros avanços terapêuticos testemunhados, um dos mais notáveis foi o progresso na área de transplante de órgãos e, em particular, o emprego de células-tronco para a regeneração do sistema hematopoético. Tendo como base experimentos utilizando modelos animais, as experiências clínicas iniciais com a restauração da hematopoese através da infusão de células-tronco hematopoéticas, conduziram ao emprego já bem estabelecido de transplante de medula óssea no tratamento de várias doenças hematológicas benignas e malignas bem como para alguns tumores sólidos. O reconhecimento do impacto desta nova modalidade terapêutica culminou com a concessão do Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1990 a Joseph Murray e E Donall Thomas, pioneiros em transplante de órgãos e células.

Na virada do século XXI, um desdobramento da terapia de transplante de órgãos e células ganhou uma nova dimensão. Diferentemente dos conceitos existentes até então (órgãos inteiros sendo substituídos no caso dos transplantes de órgãos, ou células utilizadas para recompor a medula óssea após mieloablação com altas doses de quimioterapia, no caso do transplante de medula óssea), a terapia celular ou terapia regenerativa traz consigo um novo conceito de alterar o curso de lesões orgânicas. Através do uso de células-tronco provenientes de diferentes fontes, tem sido possível, pelo menos nos estudos iniciais já publicados, reverter quadros patológicos que outrora eram considerados irreversíveis. O presente artigo pretende rever os conceitos básicos desta nova modalidade terapêutica, bem como fazer uma sinopse dos dados clínicos já existentes na área de doenças cardiovasculares.

Células-tronco

As células-tronco são células indiferenciadas que têm a capacidade de se diferenciar em células altamente especializadas, ao mesmo tempo em que conseguem se manter no estado indiferenciado. O mecanismo pelo qual as células-tronco conseguem realizar esta dupla função (diferenciação mantendo uma reserva de células indiferenciadas) ainda não está completamente elucidado, embora alguns aspectos importantes já sejam conhecidos. Por exemplo, estudos utilizando tecnologia de análise genética com microchips (microarray) têm permitido, baseados no padrão de expressão gênica destas células, identificar algumas características básicas responsáveis pela manutenção do estado indiferenciado, que incluiriam a capacidade de responder ao hormônio do crescimento e à trombina, a integração com a matriz extracelular via integrina a6-b1, a alta resistência ao estresse através do aumento da expressão de enzimas de reparo de DNA, entre outras. Além disso, várias proteínas de sinalização extracelular diferentes têm sido identificadas como tendo papel importante na manutenção do estado indiferenciado das células-tronco, tais como Bmi-1,10 Notch e Wnt,11 Tie2/Angiopoietina-112 e Oct4.13

Células-tronco embrionárias

As células-tronco embrionárias são obtidas da massa celular interna do embrião e possuem a capacidade de se diferenciar em tipos celulares dos três folhetos embrionários (endoderma, mesoderma e ectoderma). O que demonstra a sua pluripotencialidade. O isolamento de células-tronco embrionárias humanas foi reportado pela primeira vez em 1998, e desde então tem sido observado um crescimento exponencial no número de experimentos com estas células, envolvendo melhoria nas condições de cultura, manipulação genética e indução de diferenciação em diferentes tecidos. Apesar de serem consideradas as mais promissoras das células-tronco em função da sua pluripotencialidade, o conhecimento atual ainda não permite a produção de derivados de células-tronco embrionárias suficientemente puros e funcionais para uso clínico em terapia regenerativa, existindo o perigo real de formação de tumores resultantes da diferenciação desorganizada destas células. Além disso, o uso terapêutico destas células tem gerado embates éticos calorosos, justamente em função do fato de as células serem obtidas de embriões humanos.

Células-tronco de cordão umbilical

O sangue de cordão umbilical é rico em células-tronco, o que tem permitido a sua utilização clínica como fonte alternativa à medula óssea em transplante de medula óssea tanto em crianças quanto em adultos. Estudos recentes têm demonstrado que estas células possuem também um potencial regenerador de tecidos lesados, como demonstrado em modelos experimentais de infarto agudo do miocárdio e de acidente vascular cerebral.Embora haja ainda um longo caminho a ser trilhado em relação à expansão in vitro destas células com o intuito de se obter um número maior para a sua utilização em transplantes e em terapias celulares, dados recentes indicam que elas poderão ser cultivadas e modificadas geneticamente in vitro com este propósito. O fato de serem mais facilmente obtidas, a partir de um material que é normalmente descartado, torna sua utilização menos controversa do ponto de vista ético, embora este aspecto ainda esteja longe de ser um ponto pacífico.

Células-tronco de medula óssea

Estas células são de especial interesse para a medicina regenerativa. Existem evidências substanciais de que células-tronco da medula óssea circulam para o sangue periférico e de volta para a medula óssea, em um processo fisiológico estreitamente regulado por uma complexa interação de citocinas. Observações recentes de quimerismo cardíaco após transplante de medula óssea podem ser em parte explicadas por este fenômeno fisiológico. Além disso, evidências indicam que células-tronco, possivelmente originadas da medula óssea, circulam no sangue periférico e se dirigem para tecidos lesados tanto no contexto de doenças hematológicas quanto não hematológicas. Além de todos estes atributos, as células-tronco da medula óssea são obtidas de maneira relativamente fácil, tornando-as excelentes candidatas na utilização em terapias regenerativas. Os trabalhos utilizando terapias com células de medula óssea serão discutidos mais extensamente a seguir.

Terapias com células-tronco de medula óssea

O estudo de terapias com células-tronco no reparo de tecidos ou órgãos lesados em pacientes portadores de doenças crônico-degenerativas é bastante recente. A primeira descoberta da capacidade das células-tronco de medula óssea em se diferenciarem em células mais especializadas foi reportada em 1998. Em um modelo experimental de lesão muscular induzida quimicamente em camundongos scid/bg, Ferrari e colaboradores demonstraram que células-tronco (precursores miogênicos) da medula óssea de animais adultos podiam migrar para a região muscular lesada e se diferenciar em músculo esquelético. Desde esta descoberta, vários outros grupos publicaram evidências de diferenciação de células-tronco de medula óssea de animais adultos em cardiomiócitos, células neurais, hepatócitos dentre outras. Estes achados sinalizavam para uma mudança de paradigma, em que tecidos considerados pós-mitóticos (ou seja, sem capacidade regenerativa) poderiam ser reparados por células precursoras provenientes possivelmente da medula óssea. Por não envolver as mesmas questões filosóficas, éticas e religiosas observadas com a utilização de células-tronco embrionárias, a utilização de células de medula óssea de indivíduos adultos abriu um novo horizonte na medicina reparadora, ou regenerativa, onde não há possibilidade de rejeição imunológica (já que as células são autólogas) nem a necessidade de estoque de células em bancos de tecidos (já que o estoque aparentemente é inesgotável). Mais ainda, as evidências preliminares sugerem que esta nova modalidade terapêutica poderá ser usada em uma vasta gama de doenças crônico-degenerativas, muitas das quais com opções terapêuticas limitadas (quando existentes).

Dentre as doenças crônico-degenerativas passíveis de serem tratadas com células-tronco, as doenças cardiovasculares constituem seguramente as mais extensivamente estudadas até o presente momento. O número de trabalhos envolvendo o uso de células-tronco para regenerar miocárdio (e conseqüentemente melhorar a função cardíaca) em animais de experimentação é considerável. Sumariza os principais estudos de células-tronco em modelos experimentais de doença cardiovascular isquêmica (modelo mais utilizado), publicados até o presente momento.

O primeiro estudo experimental sugerindo haver diferenciação de células-tronco de medula óssea em cardiomiócitos foi reportado por Orlic e colaboradores. Células obtidas de medula óssea de camundongos machos transgênicos para a proteína fluorescente verde e separadas por métodos imunomagnéticos (Lin-, c-Kit+) foram injetadas diretamente no miocárdio de camundongos fêmeas C57BL/6, por via transepicárdica, três a cinco horas após a oclusão da artéria coronária. Quando comparados com os animais infartados e não tratados com células-tronco, os dados mostraram melhora significativa nos animais tratados com relação aos parâmetros de função ventricular analisados, bem como com relação à espessura da parede ventricular, sugerindo que fibras musculares teriam sido formadas em função do procedimento. Além disso, a análise da expressão de alguns marcadores indicaram que as novas células formadas eram "funcionalmente competentes", incluindo a expressão de conexina , uma proteína responsável pela conexão inter-celular e acoplamento elétrico entre os cardiomiócitos. Depois deste estudo, vários grupos reportaram estudos animais usando células-tronco em cardiopatia isquêmica, mas os resultados têm sido controversos com relação à eficácia e à capacidade de diferenciação das células-tronco em cardiomiócitos. 
Lastreados nestes resultados promissores em estudos com animais de experimentação, vários grupos iniciaram estudos empregando células-tronco em doenças cardiovasculares em seres humanos. Como pode ser observado, os trabalhos envolvendo seres humanos publicados até o presente são consideravelmente mais heterogêneos do ponto de vista metodológico, quando comparado ao que se observa com os estudos de animais de experimentação. Por exemplo, as células-tronco nestes estudos têm sido obtidas das fontes mais variadas, como aspirado de medula óssea, aférese de sangue periférico após mobilização com fator de crescimento, bem como com o uso isolado de fator de crescimento. Além disso, os protocolos de separação e manipulação das células pós-coleta também têm sido bastante variados, dificultando a comparação entre os diferentes estudos. Os marcadores de superfície utilizados para caracterização das células que estão sendo infundidas também diferem entre os estudos, alguns reportando inúmeros marcadores celulares53 e outros reportando apenas um marcador. De maneira semelhante, os métodos de implantação das células-tronco no miocárdio têm consistido de injeção intracoronária, injeção direta miocárdica transepicárdica sob visualização direta durante cirurgia cardíaca a céu aberto, e injeção miocárdica transendocárdica guiada por mapeamento eletromecânico do coração. Esta última metodologia foi empregada em um estudo pioneiro realizado por pesquisadores do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em colaboração com o Texas Heart Institute. Neste estudo, as células foram coletadas da medula óssea de pacientes portadores de doença isquêmica crônica refratária à terapia clínica otimizada. As zonas de miocárdio hibernante identificadas pelo mapeamento eletromecânico foram escolhidas para receber ao todo 3 mL de uma suspensão de células contendo ao todo 2,5 x 107 células.

Outro estudo pioneiro no Brasil na área de cardiologia foi realizado na Bahia, fruto de uma cooperação entre o Hospital Santa Izabel da Santa Casa de Misericórdia da Bahia e o Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz - Fiocruz/BA. Utilizando o modelo de cardiopatia chagásica, em que camundongos com doença de Chagas crônica foram tratados com células mononucleares de medula óssea de camundongos consangüíneos por via endovenosa, demonstrou-se uma redução significativa tanto no número de células inflamatórias como no grau de fibrose no miocárdio nos animais tratados quando comparados aos controles. Estes dados sugeriam haver um papel para o uso das células-tronco obtidas da medula óssea no tratamento da doença de Chagas. Baseado nestes dados foi iniciado um estudo de fase I envolvendo pacientes portadores de ICC decorrente de miocardiopatia chagásica, em classe funcional III e IV da New York Heart Association. Estes pacientes recebiam as células-tronco diretamente na circulação coronária via cateterismo cardíaco, após exclusão de doença arterial coronariana pela coronariografia. As células mononucleares foram obtidas de cerca de 50 mL de medula óssea dos próprios pacientes, aspirados em pontos diferentes de ambas as cristas ilíacas e separadas por gradiente de densidade com Ficoll. Trinta pacientes já foram submetidos ao procedimento, não tendo sido observadas até o presente momento complicações relacionadas aos procedimentos de coleta e cateterismo cardíaco. Os resultados obtidos dos pacientes tratados e com tempo de seguimento de no mínimo seis meses (N = 10) indicam uma melhora significativa tanto na função cardíaca quanto na qualidade de vida.61

Apesar dos resultados até o momento promissores utilizando células de medula óssea em terapias celulares para cardiopatias, ainda não se sabe quais os tipos de células que são importantes para o processo de reparo dos tecidos. Da mesma forma ainda não se sabe como nem quantos fatores solúveis participam do processo de recrutamento e indução da diferenciação destas células após sua implantação nos tecidos os quais se deseja reparar. Muito ainda precisa ser esclarecido também acerca do mecanismo pelo qual as células-tronco regeneram tecidos lesados. Os dois principais mecanismos reconhecidos até o momento são a transdiferenciação e a fusão celular.q Embora alguns estudos tenham mostrado a geração de células diferenciadas a partir de células-tronco de medula óssea ou de sangue de cordão umbilical, seja por fusão celular ou transdiferenciação, a regeneração de tecidos lesados pode não depender da presença destas células no tecido lesado.

Em um estudo recente, Borlogan e colaboradores, trabalhando com modelo experimental de acidente vascular cerebral em ratos, demonstraram que células-tronco do cordão umbilical humano causam melhora funcional no déficit neurológico apesar de não migrarem para o cérebro, possivelmente através da produção de fatores tróficos neuro-protetores.

Evidências recentes sugerem que também em cardiopatia isquêmica a presença de células possa não ser necessária para haver a regeneração miocárdica. Gnecchi e colaboradores reportaram os resultados de um estudo experimental utilizando sobrenadante de cultura (meio condicionado) de três tipos de células mesenquimais, todas submetidas a condições de hipóxia: células não manipuladas, células com expressão do gene da proteína fluorescente verde e células com superexpressão do gene Akt. Neste modelo de cardiopatia isquêmica aguda em ratos, o meio condicionado foi injetado na área ao redor do infarto 30 minutos após a oclusão da artéria coronária. No coração dos animais tratados com meio condicionado por células mesenquimais superexpressando Akt foi observada uma redução significativa na área de infarto e no índice apoptótico, quando comparado com os animais tratados com meio condicionado procedente de culturas de células não manipuladas e de células com expressão da proteína fluoresecente verde. Estas evidências mais recentes sugerem que ainda temos um longo caminho a percorrer até que tenhamos um entendimento satisfatório sobre o assunto.

Em linha com estes achados mais recentes, uma estratégia que já vem sendo testada para enriquecer a população celular a ser utilizada na terapia é o isolamento de células mesenquimais derivadas da medula óssea. Células-tronco mesenquimais são células clonogênicas não-hematopoiéticas presentes na medula óssea, capazes de se diferenciar em múltiplos tipos celulares de origem mesodérmica e não-mesodérmica. Por serem isoladas e cultivadas in vitro de maneira relativamente fácil e pelo seu potencial de diferenciação, protocolos clínicos utilizando células mesenquimais da medula óssea para o tratamento de doenças sistêmicas, implantação no sítio de tecidos lesados e como veículos para genes em terapias gênicas já estão sendo testados.


Considerações finais

A área de doenças cardiovasculares é hoje a mais estudada quanto ao potencial terapêutico das células-tronco de medula óssea, ainda havendo muito a ser elucidado com relação a qual seja a melhor célula, a melhor fonte, a melhor forma de implantação no miocárdio e o melhor momento na evolução de cada doença em particular. No entanto, outras áreas já estão também sendo alvo de estudos com esta fonte de células, como doenças neurodegenerativas, auto-imunes, hepatopatias e retinopatias.

Embora os resultados alcançados em várias áreas sejam animadores, pouco se sabe sobre os mecanismos de atuação destas células, quais populações celulares são importantes e quais os fatores necessários para o recrutamento e função destas células. A melhor compreensão destes fenômenos deverá contribuir para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas mais eficazes e menos invasivas para doenças crônico-degenerativas.


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quinta-feira, 15 de abril de 2021

LEUCEMIA

 O que é?

A
leucemia é uma doença maligna originada na medula óssea, local onde as células do sangue são produzidas. Os glóbulos brancos (leucócitos) são as células acometidas e se reproduzem de forma descontrolada, gerando os sinais e sintomas da doença.

As leucemias se dividem nas categorias mielóide e linfóide, de acordo com a célula envolvida. No primeiro caso, deriva da célula-tronco mielóide, e pode ser o granulócito, o eosinófilo, o basófilo, o monócito ou o eritrócito. No segundo caso, o linfócito é a célula doente.

Há, ainda, uma classificação de acordo com a velocidade de divisão dessas células: leucemia crônica, quando essa divisão é mais lenta, e leucemia aguda, quando a velocidade é rápida. As leucemias crônicas se desenvolvem lentamente e as células envolvidas são mais parecidas com a célula normal (mais diferenciadas), permitindo que, mesmo doentes, mantenham algumas de suas funções normais no organismo da pessoa. Já as leucemias agudas são de progressão rápida e afeta as células jovens, ainda não completamente formadas (chamados blastos), que não preservam suas funções e afetam de forma importante a capacidade de defesa do organismo.

Há, então, quatro tipos principais de leucemias:

· Leucemia mielóide aguda (LMA)

· Leucemia mielóide crônica (LMC)

· Leucemia linfóide aguda (LLA)

· Leucemia linfóide crônica (LLC)

O melhor conhecimento das células e de suas características levou a melhoria no diagnóstico e ao reconhecimento de vários subtipos dentro desses quatro grandes grupos, com diferenças de tratamento e sobrevida.

Causas (fatores predisponentes)

As leucemias se originam de uma alteração genética adquirida, ou seja, não hereditária.

A divisão e morte celular são controladas por informações contidas nos genes, dentro dos cromossomos. Erros que acontecem no processo de divisão da célula podem causar uma alteração genética que ativa os chamados oncogenes, que promovem a divisão celular, ou que desativam os genes supressores de tumor, responsáveis pela morte celular (apoptose). Em ambos os casos há, então, multiplicação exagerada de uma mesma célula, levando ao surgimento do clone (câncer). Apesar de sabermos que existem alguns fatores de risco que propiciam o surgimento do câncer, a causa exata ainda é desconhecida. No caso das leucemias, os fatores de risco já identificados são:

Exposição a produtos químicos, principalmente os derivados de benzeno, que estão presentes, por exemplo, em indústrias petroquímicas e fábricas de produtos químicos (cola, tinta, entre outros).

Tratamento prévio com quimioterapia ou radioterapia. Exposição a radiação ionizante, como observado em sobreviventes da bomba atômica ou em vazamento nuclear. A exposição a níveis mais baixos de radiação, como acontece em RX ou tomografia não é um fator predisponente bem definido. Certas doenças genéticas, como anemia de Fanconi, síndrome de Down, neurofibromatose, entre outras. Algumas doenças do sangue como mielodisplasia e neoplasias mieloproliferativas. Fator de risco é algo que afeta a chance de adquirir uma doença. Entretanto, ter um fator de risco ou mesmo vários fatores de risco não significa que a pessoa vai definitivamente ter aquela doença.



Prevenção 

A única prevenção possível para leucemia é evitar os fatores de risco conhecidos.

Sinais e sintomas 

Os sintomas das leucemias agudas estão relacionados à diminuição na produção de células normais da medula óssea. Com a queda na produção de glóbulos vermelhos (hemácias), o paciente pode apresentar anemia que, por sua vez, causa palidez, cansaço fácil e sonolência.

Já a diminuição na produção de plaquetas pode ocasionar manchas roxas em locais não relacionados a traumas, pequenos pontos vermelhos sob a pele (chamados de petéquias ) ou sangramentos prolongados após pequenos ferimentos.

O paciente que tem sua imunidade reduzida (queda na produção de glóbulos brancos) fica mais susceptível a infecções e pode apresentar febre.

Outros sintomas encontrados são: dores ósseas e nas juntas, causando dificuldade de andar; dores de cabeça e vômitos; aumento dos linfonodos (gânglios linfáticos), aumento do baço (esplenomegalia) ou do fígado (hepatomegalia).

As leucemias crônicas são menos sintomáticas e frequentemente são descobertas em exames realizados para outros fins (exames de rotina, pré-operatório, etc). Quando em estágios avançados, apresentam os mesmos sintomas descritos para as leucemias agudas.

Um sintoma frequente é o emagrecimento. Também pode-se observar aumento dos linfonodos, do fígado ou do baço, sendo este último um achado muito comum da LMC, com consequente desconforto no lado esquerdo do abdome e empachamento. Na LLC, quadros de infecções recorrentes de pele, pulmões, rins e em outros órgãos podem ser vistos, pois há queda na defesa natural do organismo.

Diagnóstico

A leucemia é suspeitada quando há alterações no hemograma. Para confirmação, é necessária coleta de medula óssea para exames: mielograma, biópsia, imunofenotipagem e cariótipo. De acordo com a suspeita diagnóstica, podem ser necessários mais estudos para subclassificação e estratificação de risco, como exames de biologia molecular.

Tratamento

O tratamento varia com o tipo e subtipo de leucemia. Nos casos de LLC por exemplo, boa parte dos pacientes não necessita de tratamento logo que é feito o diagnóstico. Já a leucemia aguda deve ser tratada de forma emergencial com quimioterapia. Alguns pacientes serão encaminhados para transplante de medula óssea, de acordo com sua estratificação de risco e com sua resposta à quimioterapia inicial.

A grande arma terapêutica para tratamento das leucemias é a quimioterapia. Vários esquemas podem ser utilizados, desde os que envolvem apenas um tipo de droga até os que contam com dez ou mais quimioterápicos em combinação. A escolha do protocolo a ser usado depende do diagnóstico, da idade e da estratificação de risco de cada paciente. A aplicação pode ser oral, venosa, intra-muscular ou subcutânea. Alguns portadores de leucemia aguda precisarão, ainda, de quimioterapia intra-tecal, que é feita através de punção lombar e serve para tratar um possível acometimento do sistema nervoso pela doença.

A LMC em fase crônica é tratada com quimioterapia-alvo, um tratamento que age especificamente nas células leucêmicas. Esse tipo de leucemia possui uma característica única, que é a presença de uma alteração genética específica, o cromossomo Philadelphia, resultado da translocação entre dois cromossomos, o 9 e o 22. Essa alteração gera um gene chamado bcr-abl e uma proteína do tipo tirosino-quinase, que é o alvo desses quimioterápicos. São de uso oral (comprimidos) e seu desenvolvimento teve enorme impacto na qualidade de vida e sobrevida dos portadores de LMC.

O tratamento cirúrgico não é uma opção para a maioria dos casos de leucemia. Raramente é usada em portadores de LLC com aumento muito importante e sintomático do baço e que não responderam a outros tipos de tratamento.

Radioterapia é utilizada ocasionalmente, principalmente em portadores de LLC, para diminuir massas linfonodais que estejam comprimindo estruturas nobres ou causando sintomas importantes. A radioterapia craniana pode ser necessária em portadores de LLA ou alguns subtipos de LMA, onde há risco de acometimento do sistema nervoso. Finalmente, radioterapia corporal total pode ser usada para preparar o paciente para o transplante de medula óssea.

A decisão da realização do transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH) depende das características da leucemia, da idade do paciente e do balanço risco x benefício de um transplante. A presença de fatores prognósticos desfavoráveis ou a recidiva (recaída) da doença habitualmente leva a uma abordagem terapêutica mais agressiva, podendo incluir o TCTH. O transplante alogeneico é limitado pela presença ou não de doador na família ou no banco de medula óssea, enquanto o transplante autólogo só tem papel em alguns casos de LMA.


Redação: Denise Zouain 
Fonte: http://www.oncomedbh.com.br/site/?menu=Tipos%20de%20C%E2ncer&submenu=Leucemias

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