Epimastigota de Trypanosoma cruzi
Protozoário
flagelado agente da Doença de Chagas, também conhecida como Tripanossomíase
americana. Milhões de pessoas estão infectadas em toda a América Latina, sendo
que grande parte dos casos está localizada no Brasil, principalmente nas
regiões Nordeste, Sudeste e Sul. É uma doença de evolução crônica, debilitante, que
determina no homem quadros clínicos com características e consequências muito
variadas. Ela está intimamente relacionada às más condições das moradias, pois
essas favorecem a nidificação dos hemípteros triatomíneos, conhecidos
vulgarmente como “barbeiros”.
Biologia do parasito
O homem se infecta durante a
hematófaga, quando o barbeiro elimina os tripomastigotas metacíclicos em suas
fezes. Essas são as formas infectantes e podem penetrar pelas mucosas, quando o
homem leva as mãos contaminadas aos olhos ou nariz, e por soluções de
continuidade, como as provocadas pelo ato de coçar ou pelo orifício da picada
do barbeiro. Logo após a penetração, o tripomastigota metacíclico invade células
do sistema fagocítico mononuclear (célula alvo) e perde o flagelo, passando a
se chamar amastigota. Nesse estágio os amastigotas multiplicam-se por divisão
binária em ciclos de aproximadamente doze (12) horas, até que a célula
infectada fique repleta de amastigotas. Nesse momento as amastigotas se
transformam novamente em tripomastigotas. Quando a célula alvo rompe libera os
tripomastigotas, que se deslocam apara infectar uma nova célula alvo, se
disseminando para o restante do organismo através da circulação sangüínea e
linfática. Os principais órgãos atingidos são o coração, tubo digestivo e
plexos nervosos.
Quando se alimentam do sangue de pessoas ou animais infectados, os triatomíneos
podem ingerir os tripomastigotas. Os tripomastigotas são convertidos em
epimastigotas no tubo digestivo do triatomíneo. Os epimastigotas se reproduzem
por divisão binária e, quando chegam à porção terminal do intestino (reto) do
triatomíneo, voltam à forma tripomastigota. Esses tripomastigotas, altamente
móveis e infectantes, são as formas metacíclicas eliminadas nas fezes do vetor.
As principais formas do Trypanosoma cruzi são:
Amastigota – fase intracelular, sem organelas de
locomoção, com pouco citoplasma e núcleo grande. O cinetoplasto fica ao
lado do núcleo e é um pouco menor que ele. Está presente na fase crônica da
doença.
Epimastigota – é a forma encontrada no tubo digestivo do vetor, não é
infectante para os vertebrados. Tem forma fusiforme e apresenta o cinetoplasto
junto ao núcleo. Possui flagelo e membrana ondulante.
Tripomastigota – fase extracelular, que circula no sangue. Apresenta flagelo e
membrana ondulante em toda a extensão lateral do parasito. O cinetoplasto se
localiza na extremidade posterior do parasito. Esse estágio evolutivo está
presente na fase aguda da doença, constituindo a forma infectante para os vertebrados.
Patogenia e prevenção
O período de incubação da parasitíase varia de
uma a três semanas, sendo que a doença de Chagas se caracteriza por apresentar
duas fases: aguda e crônica. À medida que o ciclo de invasão e ruptura se
repete, o histiotropismo se desloca do sistema fagocítico mononuclear para
células musculares lisas e cardíacas e para o sistema nervoso. Essa fase de
intensa multiplicação e invasão de células caracteriza a fase aguda da Doença
de Chagas. No sítio de infecção há intensa reação inflamatória antes de uma
disseminação do protozoário. Esta área de inflamação aguda local pode produzir
uma reação intensa denominada Chagoma. A partir daí, a disseminação vai
produzindo áreas de inflamação multifocal em diversos órgãos, com predomínio da
infecção no coração e sistema nervoso, seguido da miosite focal e
comprometimento dos plexos nervosos intestinais, nos casos mais graves.
Ao mesmo tempo em que a infecção abrange mais
tecidos e a parasitemia aumenta, a resposta imune começa a ser montada com a
produção de anticorpos e intensa reatividade celular no sito inicial de
inoculação. Caso essa resposta se torne mais intensa o número de parasitos circulantes
cai progressivamente até que sejam completamente eliminados da circulação,
caracterizando o fim da fase aguda da doença.
Com o fim da fase aguda, os protozoários que não
foram eliminados pela resposta humoral, podem ainda permanecer viáveis no interior
das células infectadas. A partir daí está caracterizada a fase crônica da
Doença de Chagas, que pode evoluir para as manifestações características da
Doença de Chagas (forma sintomática), tornar-se oligossintomática ou não
revelar manifestações evidentes da doença, a não ser a reação sorológica,
caracterizando os casos indeterminados, que são os mais frequentes. Nas formas
sintomáticas mais graves ocorrem as dilatações cavitárias: a cardiopatia
chagásica crônica, o megaesôfago e o megacólon. O uso de medicações específicas
contra as agudizações, mas ainda não está comprovada a cura medicamentosa da Doença
de Chagas.
O diagnóstico da doença é feito pela
visualização do protozoário, sorologia, cultura e, em certas circunstâncias,
por PCR. Também pode ser feito a partir de biópsias de linfonodos, quando
houver poliadenite, durante a fase aguda da doença. Os métodos de
imunodiagnósticos, especialmente aimunofluorescência, ELISA e hemaglutinação, são
utilizados na fase crônica.
A melhoria das condições de moradia, o controle
do vetor e de reservatórios (gambás e morcegos) e a fiscalização dos bancos de
sangue e campanhas contra a drogadição são medidas que devem ser tomadas a fim
de prevenir a doença de Chagas.
Candido. V. S, Biólogo - formado pela Universidade Vale do Acaraú- UVA, pós-graduado em Bioquímica e Biologia Celular e Molecular com ênfase em saúde. Acadêmico de Farmácia.
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